do bom uso do mau gênero.docVIP

O tráfico de mulheres: Notas sobre a “Economia Política” do Sexo* Gayle Rubin** A literatura sobre mulheres – tanto feminista como anti-feminista – é uma longa reflex?o sobre a quest?o da natureza e gênese da opress?o e subordina??o social das mulheres. N?o se trata de uma quest?o banal, uma vez que as respostas que lhe damos condicionam nossa vis?o do futuro e nossa avalia??o sobre se é ou n?o realista esperar por uma sociedade sexualmente igualitária. E, mais importante, a análise das causas da opress?o das mulheres serve de base à defini??o do que deveria ser mudado para que se construísse uma sociedade sem hierarquia baseada em gênero. Assim, se a agress?o e a domina??o masculinas inatas est?o na origem da opress?o das mulheres, os programas feministas deveriam logicamente exigir ou a extermina??o do sexo agressor, ou um projeto eugênico para modificar o seu caráter. Se o sexismo é um subproduto do apetite insaciável do capitalismo pelo lucro, ent?o o sexismo se extinguirá com uma bem-sucedida revolu??o socialista. Se a derrota histórica das mulheres, em nível mundial, se deu frente a uma revolta armada patriarcal, ent?o é tempo de come?ar a treinar guerrilheiras amazonas nos montes Adirondacks. Foge ao escopo deste trabalho fazer uma crítica sistemática de algumas das explana??es mais correntes e populares da gênese da desigualdade sexual – teorias com a da evolu??o popular exemplificada por The Imperial Animal, a suposta derrubada dos matriarcados pré-históricos, ou a tentativa de extrair a totalidade do fen?meno da subordina??o social do primeiro volume de O Capital. Em vez disso, pretendo apresentar alguns elementos de uma explica??o alternativa para o problema. Certa vez Marx perguntou: O que é um escravo negro? Um homem da ra?a negra. Uma explica??o é t?o boa quanto a outra. Um negro é um negro. Ele só se torna escravo em determinadas rela??es. Uma máquina de fiar algod?o é uma máquina de fiar algod?o. Ela só se transforma em capital sob determinadas rela